... do que é.
... do porquê.
... do não.
... do se.
... do quando.
... do porquê.
... do não.
... do se.
... do quando.
Na idade do que é, questionamos a quem de direito o que os nossos sentidos captam mas ainda não interpretam. É a fase da "esponja" de conhecer. Aí usamos a parte mais sensorial de nós.
Eu soube que as placas eléctricas queimavam quando colei uma mão (e a direita) em cima dela. A direita porque sou dextra e colei porque não sabia que doía. Aprendi rápido.
Não sabia que jogar à bola dentro de casa fazia estragos, nem que o vidro partia facilmente e que também cortava. Aprendi rápido! Aprendi a sentir a chuva, a guardar o enjoo de uma longa viagem, das pessoas queridas que nos dão beijinhos e nos chateiam de tantos mimos.
Aprendi a confiar em mãe, pai, irmão. Aprendi a não confiar em que me tentava dar rebuçados.
"Mãe, o que é azul?"; "Pai, o que é a água?"; "Mano, o que é ser grande?"... O que é repetido vezes sem conta, repetindo a ânsia de saber, saber. O que era mistério nessa altura não é mais, depois vamos subindo pelas outras idades e descobrindo verdades boas, verdades más, mentiras convenientes e mentiras incompletas... O que é que eu trouxe desses tempos? Carinho, conforto, tristeza escondida e camuflada.
Na idade do porquê já começamos a usar a água de saber absorvida na "esponja" e a questionar. Porquê de ter mãe, pai e mano? E porquê só um? Porque não tiveram mais?
Porquê é fácil perguntar pois temos quem nos responda, nem que seja com respostas curtas e incisivas para não dar azo a mais questões. Mas é isso que dá piada, perguntas sem fio, perguntas a respostas:
"Mãe, porquê o céu é azul?"
"Porque Jesus assim quis um manto claro sobre nós."
"Porquê?"
"Filhota, porque o Pai Dele decidiu..."
"Porquê o Pai decidiu?"
(pausa com respiração funda seguida de 1º e 2º nome para quem tenha) "Porque sim. Agora come isso."
Mas na idade do porquê temos várias fases e as mesmas estão relacionadas com o nosso evoluir. Enquanto estamos apenas juntos dos pais, irmãos, avós e afins, as questões são muito simples... Pior quando nos deparamos com a convivência com outros questionáveis como nós. "Porquê és mais alta do que eu?"; "Porquê tens um estojo rosa?"; "Porquê gosto do menino mais feio da minha turma?"... Era a este evoluir emotivo que queria chegar.
Surgem as questões difíceis e sobre as quais não queremos resposta, as que mexem dentro de nós.
Na idade do não tudo é péssimo. Este não não é o mesmo que aquele que proferíamos face a um prato de canja. É o não quero sentir, não quero acreditar, não quero saber, não quero perder.
Felizmente a minha idade do não foi curta, hoje digo que não mas o negativo saiu e flui em mim apenas a tentativa de ser positiva. Quando a coisa está a sair do caminho, não virar costas mas arranjar solução de contornar obstáculos, não ter um caminho como intransitável mas apenas mais sinuoso.
Na idade do se é tudo muito florido pois são só suposições e ilusões. Contas de cabeça com os algarismos da vida. E quando começam as equações é que se estragam as unidades... Um é um e daí começamos. É bom sermos dois mas como o vinho, a vida precisa de uma boa pipa e de madeira para amadurecer. E não se misturam logo uvas de castas diferentes, nem unidades com dezenas.
Voltamos a esta idade todos os dias, e aí de quem diga que não. Se eu vou por aqui, estarei bem?
Se errar, posso emendar? Na vida não há emendos, não somos mantas de retalhos, nem porcelana colada. O se é bonito mas é volátil como os pensamentos superficiais...
Na idade do quando traz até nós o saudosismo de outros tempos, do mais recente ao mais antigo. Quando pensamos muito atrás, podemos aprender mas também nos podemos enganar. Com a rotina e quotidiano, há dias em que nem à semana anterior conseguimos regressar mas são os acontecimentos e as pessoas que nos fazem recordar dia após dia. "Quando eu era míuda era traquinas" mas a traquinice não morreu, deu foi lugar a responsabilidade, a postura, a consciência. Não perdemos o que ganhámos em anos de vida e ganhamos a cada dia que vivemos plenos de desejo em continuar a inudar a "esponja" de saber.
Nas idades que vamos vivendo, guardamos sempre o melhor. Com os anos a passarem, seleccionamos o que presta e o que não presta, afinal não há memória RAM melhor que a humana!
Vivendo e aprendendo, hoje mais do que ontem e hoje menos que amanhã.
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