sábado, 29 de abril de 2006

Senhora do Livramento - Camané


Senhora do Livramento
Livrai-me deste tormento
De a não ver há tantos dias
Partiu zangada comigo
Deixou-me um retrato antigo
Que me aquece as noites frias

Senhora que o pensamento
Corre veloz como o vento
Rumando estradas ao céu
Fazei crescer os meus dedos
P´ra desvendar os segredos
Num céu que não é só meu

Senhora do céu das dores
Infernos, prantos, amores
A castigar tanto norte
Porque é que partiste um dia
Sofrendo a minha agonia
E não me roubaste a morte



O fado mostra o lado boémio das pessoas, o lado sofrido.
Quão melhor forma de ilustrar o lado sombrio da alma lisboeta, tão sombrio como os candeeiros que iluminam as ruas pela noite dentro...
Senhora do Livramento, que o fado ilustra a tristeza do destino.

O Fado é nosso, luso, bairrista, eterno mas que apenas alguns têm a sensibilidade para ouvir, escutar e sentir a melancolia do que nos relata o trinar da viola, da guitarra portuguesa.
Canta a saudade, a nostalgia, o cíume, a constante insatisfação do ser, e apela ao bairrismo.

A palavra fado vem do latim fatum, que significa "destino". O fado é a nossa sina, o nosso destino, o caminho traçado pelas lágrimas de quem padece pelas sombras de Lisboa, pelos becos e vielas. Daí a origem obscura do fado que terá surgido provavelmente na primeira metade do século XIX.

Actualmente a explicação mais aceite, pelo que diz respeito ao fado de Lisboa, é de que este teria origem nos cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia daqueles cantos, que é tão comum no Fado, estaria na base dessa explicação.

A primeira cantadeira de fado de que se tem conhecimento foi Maria Severa.

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